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Política

22/02/2023 às 11h00

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Redacao

Vespasiano / MG

Prefeitos usam capital para emplacar irmãos, filhos e cônjuges para ALMG
Apadrinhados, Lucas Lasmar (Rede), Maria Clara Marra (PSDB), Lud Falcão (Podemos), Nayara Rocha (PP) e Eduardo Azevedo (PSC) são majoritários em cidades onde prefeitos são parentes
Prefeitos usam capital para emplacar irmãos, filhos e cônjuges para ALMG
Nayara Rocha é filha da prefeita de Vespasiano Ilce Rocha

Os deputados Lucas Lasmar (Rede), Maria Clara Marra (PSDB), Lud Falcão (Podemos), Nayara Rocha (PP) e Eduardo Azevedo (PSC) foram eleitos para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) apadrinhados por prefeitos familiares. Aproveitando o vácuo político, os prefeitos utilizaram o capital político para emplacar cônjuges, filhos e irmãos como os deputados estaduais majoritários das cidades que administram desde o Alto Paranaíba até a Região Metropolitana. 


Dos 59.381 votos de Lud Falcão, 41.707 foram de Patos de Minas, Alto Paranaíba, onde o marido, Luís Eduardo Falcão (Novo), é prefeito. O número corresponde a 51,97% dos votos válidos registrados em Patos. Lud refuta que a sua entrada na política seja um projeto familiar de poder, já que, quando foi eleito, Falcão rompeu a sucessão dos grupos políticos do ex-ministro Arlindo Porto e do ex-deputado estadual Elmiro Nascimento em Patos. “Vejo essa possibilidade como um meio de transformação e é muito importante salientar que nós somos um núcleo familiar, não um núcleo político”, afirma a deputada, de 33 anos.


A eleição de Lud levou à derrota do deputado Hely Tarqüínio (PV), que era majoritário em Patos. Falcão reitera que a candidatura da esposa não tem o “espírito” de um projeto familiar de poder. “Não foi uma candidatura fabricada, ‘ah, vou por a minha filha que não tem nada a ver com política’ ou ‘vou por a minha esposa, tirar fotos profissionais, contratar um marketing’. Não, foi tudo natural”, alega o prefeito, que ainda acrescenta que, durante a campanha, acompanhou agendas da então candidata “dentro do que cabia concomitantemente com os compromissos de prefeito”.


Eleita com 44.619 votos, Nayara, 32, recebeu 26.261 em Vespasiano, na Região Metropolitana, onde a mãe, Ilce Rocha (PSDB), é prefeita em segundo mandato. São 43,17% dos votos válidos da cidade. Até então majoritário em Vespasiano, Mauro Tramonte (Republicanos), natural de Poços de Caldas, Sul de Minas, teve apenas 15,36% dos votos válidos lá em 2018. Aliás, antes de se candidatar a deputada estadual, Nayara foi secretária Municipal de Desenvolvimento Social durante a gestão da mãe. Questionada por O TEMPO, ela não retornou os contatos.


Ilce nega ter encabeçado a candidatura da filha. De acordo com ela, o trabalho de Nayara como secretária e a boa avaliação da Prefeitura, somados à ausência de um deputado estadual com domicílio em Vespasiano, teriam levado à eleição. “Não foi um processo em que fizemos o lançamento (da candidatura) e ficamos trabalhando nesse sentido, não. Foi uma candidatura que nasceu de forma natural, mais das pessoas”, diz Ilce, que é presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel).


Assim como Lud e Nayara, a candidatura a deputada estadual foi a primeira de Maria Clara, 24, a qualquer cargo público eletivo. Apoiada pelo pai, Deiró Marra (União), prefeito de Patrocínio, Alto Paranaíba, ela recebeu 56,88% dos votos válidos, ou seja, 27.157 votos dos 42.415 que a elegeram. Lá, o deputado mais votado em 2018 foi Elismar Prado (PROS), que teve apenas 908 votos, ou seja, 2,21% dos votos válidos. Nem Maria Clara nem Deiró, ex-deputado estadual, atenderam a reportagem.


Lasmar e Azevedo ainda foram vereadores


Antes de ser deputado estadual, Lucas Lasmar, 32, já havia sido eleito vereador de Oliveira, Região Centro-Oeste de Minas, em 2016, mas se licenciou do mandato para assumir a Secretaria Municipal de Saúde quando a mãe, Cristine Lasmar (MDB), já era prefeita. Dos 34.092 votos de Lasmar, 17.035 vieram de Oliveira, o que corresponde a 69,43% dos votos válidos da cidade. Ele teve 9.763 votos a mais do que o ex-deputado Sávio Souza Cruz (MDB) em 2018, que optou por não se candidatar à reeleição. Até então, Sávio era o majoritário na cidade. 


Lasmar refuta que a mãe o tenha elegido. “Por quê? Porque eu tive mais votos fora de Oliveira do que dentro de Oliveira. Foram 17.057 votos fora de Oliveira e 17.065 dentro de Oliveira”, pontua o deputado. Segundo ele, a eleição foi um reconhecimento ao trabalho como secretário de Saúde. “Deixei de ser candidato a prefeito em 2020 para atuar na pandemia como secretário. Continuei ali. Tivemos a menor taxa de mortalidade do Centro-Oeste inteiro. A gente atendeu a região inteira em Oliveira”, argumenta.


Cristine nega que a eleição de Lasmar seja uma tentativa de aumentar a influência da família. “‘Ah, é dinastia’, não é. A gente tem essa votação expressiva porque faz acontecer. A gente faz muita obra e é isso o que a gente mostra na cidade. O povo confia em nós. Se eu me candidatasse de novo, tenho certeza que seria eleita”, rebate a prefeita, que, no fim do segundo mandato, não pode se candidatar à reeleição em 2024. Ela reitera que “a maior parte do mérito é de Lucas, pelo trabalho como secretário de Saúde”.


Já a eleição de Eduardo Azevedo é sui generis. Irmão do prefeito de Divinópolis, Região Centro-Oeste, Gleidson Azevedo (PSC), o deputado estadual é ainda irmão do senador Cleitinho Azevedo (PSC), cuja votação para o Senado superou 4,2 milhões, o que levou Belo Horizonte a ser a segunda cidade onde Eduardo mais foi votado. Em Divinópolis, onde dividiu votos com a deputada Lohanna França (PV), o deputado estadual teve 43.868 dos 92.624 votos que o elegeram. O número representa 36,42% dos votos válidos da cidade.


Embora diga que conserva o laço familiar com os irmãos desde antes da política, Eduardo reconhece a influência dos outros Azevedo na sua eleição. “E o fato de o Gleidson fazer uma boa gestão dentro de Divinópolis, que foi uma cidade que ficou esquecida por várias gestões durante 20 anos, colabora muito para que a minha imagem seja bem avaliada pelo eleitor divinopolitano”, admite o deputado. Questionado, Gleidson não quis se manifestar.


*Com O Tempo

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